segunda-feira, 23 de março de 2009

40 anos de "Easy Rider"

Chega um dia na vida de um bikebloguer em que é preciso falar de Easy Rider (Sem Destino), e por mais batido que possa parecer vou tentar fazer com alguma originalidade.
Em primeiro lugar a data é memorável, em maio próximo faz 40 anos que o filme Easy Rider estreou no Festival de Cannes, mais precisamente dia 13 de maio de 1969, contrariando todas as expectativas de crítica e público. Em 1967, o então jovem, Peter Fonda teve o insight de fazer um filme sobre motociclistas e estrada, após estrelar o filme "The Wild Angels (1966)", que explorava o mesmo tema em um enredo com brigas, farras e confusões de uma gangue de motociclistas. Numa vertente contrária nasceu a ideia, o embrião de um filme sobre costumes e liberdade, e este é o tema central de Easy Rider.
A época, fim dos anos 60, era de contestação social, o movimento hippie estava em plena ebulição e a contra cultura era a base do comportamento de quem se dizia antenado. Numa total contradição à sociedade e seus costumes morais, comunidades alternativas pregavam o amor livre e a "não violência", os personagens Wyatt (Fonda) e Billy (Hopper) pegam carona nesta onda e saem pelo país em uma viagem de motocicleta, largando compromissos e regras, tendo como destino a festa Mardi Grass de New Orleans. Este é o mote para um enredo que reúne muitas cenas de motocicletas e uma trilha sonora antológica, um filme simples, mas marcou uma época e ficou como um dos ícones de uma geração.
Em se tratando de cinema estamos falando de uma zebra histórica, o filme foi produzido em condições espartanas para os padrões estadunidenses, mesmo para os padrões da época. Peter Fonda chamou seu amigo Dennis Hopper e contou a ele sobre sua ideia de dois jovens experimentando a "liberdade total" enquanto cruzavam o país de motocicleta. Hopper, que atuava em cinema desde Juventude Transviada (1955), pensava em abandonar a profissão de ator para se tornar professor de teatro. Fonda então mudou a cabeça de Hopper, oferecendo-lhe a oportunidade de dirigir o filme.
Para financiar o projeto, Hopper pediu a seu amigo Jack Nicholson para apresentá-lo a Bert Schneider, um dos sócios da BBS Productions, uma companhia independente que lançava seus projetos pela Columbia Pictures. A BBS concordou em colocar 400 mil dólares para fazer "Easy Rider". A produção começou com locações em Nova Orleans em 23 de fevereiro de 1968. Juntando-se a Hopper e Fonda estavam Karen Black e a futura coreógrafa e cantora Toni Basil. Apesar de Rip Torn ter sido originalmente escolhido para fazer o papel do advogado alcólatra George Hanson, ele acabou deixando a produção antes do início das filmagens. Jack Nicholson, que a BBS havia enviado a Nova Orleans no cargo de produtor executivo, concordou em fazer o papel. Sua atuação o transformou num astro, é o que " Easy Rider" tem de melhor em termos de atuação, é impagável a interpretação de Nicholson, e dele também a melhor cena de diálogo do filme, com o célebre pensamento: "...É difícil ser livre quando se é comprado e vendido no mercado.- Mas nunca diga a alguém que ele não é livre… Por que ele vai tratar de matar e aleijar para provar a você que ele é.- Eles falam e falam sem parar de Liberdade Individual… Mas quando vêem um Indivíduo Livre, ficam com medo..."
Entre dificuldades de toda ordem, que acarretaram em atrasos nas filmagens, foi necessário recriar a festa do Mardi Grass pois os planos de filmar a festa ao vivo foram frustrados devido ao cronograma estourado. Contra as expectativas mais conservadoras o filme estourou em sua estreia em Cannes, sendo ovacionado e conquistando o prêmio de melhor filme de diretor estreante, além de ser indicado à Palma de Ouro. Easy Rider retornou 17 milhões de dólares em bilheteria, dos 400 mil de investimento em sua produção, foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Nicholson) e melhor roteiro original e conquistou o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante (Nicholson) em 1970.
Os destaques ficam para Jack Nicholson, para a trilha sonora com clássicos interpretados por The Birds, Smith, Jimi Hendrix e Steppenwolf, e claro, para as motos que inspiram motociclistas até os dias de hoje, a "Billy Bike" e " Capitão América". Ainda segundo a história, das duas motos "Capitão América" feitas para o filme, uma foi destruída durante a filmagem da cena final, e a outra roubada depois do filme terminado. A foto abaixo é de uma réplica da lendária Capitão América.
Se você ficou morrendo de vontade de ver Easy Rider é possível encontrar o DVD "Sem Destino" nas boas casas do ramo por uma pechincha, e vale cada centavo!

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